A violência extrema registrada na capital de Pernambuco no último sábado (1º), antes do Clássico das Multidões entre Sport e Santa Cruz, poderia ter sido evitada. Segundo um relatório da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE), ao qual o G1 teve acesso, a Polícia Civil de Pernambuco já tinha conhecimento dos confrontos planejados entre torcidas organizadas.
O documento, elaborado antes da partida, alertava sobre o risco iminente e deveria servir de base para a Secretaria de Defesa Social (SDS) evitar os tumultos. No entanto, os confrontos ocorreram e resultaram em 12 pessoas hospitalizadas, incluindo um torcedor que sofreu agressões brutais e violência sexual com uma barra de ferro.

Planejamento antecipado da violência em Pernambuco
O relatório da DPRIE revelou que membros das torcidas organizadas estavam confeccionando armas caseiras, bombas artesanais e objetos perfurantes, como barrotes com pregos, para provocar o maior dano possível aos rivais. O documento também apontava que os confrontos já estavam marcados em diferentes pontos da cidade.
“Vimos que os envolvidos se preparam para possíveis confrontos no dia 01/02/2025, aguardam com bastante expectativa. Como também conseguimos informes que os integrantes preparam bombas caseiras e barrotes com pregos para lesionar o rival com o maior dano possível, bem como danificar patrimônios privados e públicos no deslocamento até o estádio”, afirma o documento da Polícia Civil.
Apesar das informações, o policiamento não conseguiu evitar os ataques. Imagens que circularam nas redes sociais mostram o momento em que as torcidas se encontram, mesmo com escolta da Polícia Militar.

Secretaria de Defesa Social nega falha no policiamento
Durante entrevista coletiva após os tumultos, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou que não houve falha no policiamento. Segundo ele, o grande deslocamento de torcedores pela cidade dificultou a prevenção dos confrontos.
“Foram 27 mil pagantes, se deslocando de vários locais, então o confronto pode ocorrer em qualquer ponto. Tinham 654 policiais, todos os recursos disponíveis da Região Metropolitana foram empenhados nessa ocorrência”, justificou o secretário.
No entanto, a argumentação ignora o relatório da DPRIE, que já apontava os locais e a intenção dos confrontos previamente marcados pelas torcidas.

Prisões e medidas punitivas
A Polícia Militar encaminhou 32 pessoas envolvidas nas brigas para delegacias da Região Metropolitana do Recife. Desses, seis torcedores foram presos em flagrante e encaminhados para audiência de custódia. Além disso, outros três torcedores foram presos no Cabo de Santo Agostinho após um confronto no município.
Como resposta à violência, o Governo de Pernambuco determinou que os próximos cinco jogos do Sport e do Santa Cruz serão disputados sem público. Além disso, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou que os clubes passem a adotar cadastramento biométrico de seus torcedores.
O Sport, no entanto, anunciou que irá recorrer da decisão, classificando a medida como uma punição injusta ao clube. A tendência é que o Santa Cruz também tome a mesma atitude.
A violência entre torcidas organizadas em Pernambuco chegou a um patamar alarmante. A revelação de que a Polícia Civil já sabia dos confrontos planejados, mas mesmo assim não conseguiu evitá-los, levanta questionamentos sobre a eficácia da segurança pública.
Enquanto não houver medidas mais rígidas e uma atuação mais eficaz, cenas de guerra urbana continuarão a aterrorizar a população e manchar o futebol pernambucano.
Informações do G1, reportagem de Íris Costa.
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