5/04/2025 @ 21:55h

Arbitragem de Inter x Sport, que atuou no jogo de ato racista, é denunciada; veja o porquê

A partida entre Internacional e Sport, válida pela 3ª rodada do Brasileirão Feminino, ganhou novos desdobramentos fora das quatro linhas. A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciou a equipe de arbitragem por não ter aplicado o Protocolo Antirracista da CBF após um ato discriminatório ocorrido em Porto Alegre.

Durante o confronto, um pedaço de banana foi arremessado em direção ao banco de reservas do Sport, gesto reconhecido como ofensivo e racista. Segundo a denúncia, há indícios de que a arbitragem foi informada pelas próprias jogadoras do Leão, mas não tomou as medidas exigidas pelo regulamento.

A árbitra Cássia Franca de Souza, as assistentes Ariela Duarte da Silveira e Estefani Adriati Estrela da Rosa, além da quarta árbitra Andressa Hartmann, foram citadas no processo. Elas podem responder por infração ao artigo 261-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê suspensão de 15 a 90 dias e multa em caso de descumprimento das obrigações da função.

A atacante Lindy, do Sport, relatou a dificuldade em ser ouvida:

“Tivemos que gritar muito para a quarta árbitra prestar atenção no que aconteceu. Em pleno 2025, não dá para aceitar esse tipo de atitude.”

O Protocolo Antirracista da CBF, em vigor desde maio de 2024, determina que a arbitragem deve interromper a partida ao presenciar ou ser informada de um ato de racismo, fazer um anúncio público e, em caso de persistência, suspender ou até encerrar o jogo.

Após o episódio, o Inter identificou uma atleta da base como responsável pelo arremesso da banana e rescindiu o contrato com a jogadora. Ainda assim, o clube foi denunciado por três artigos do CBJD por atos discriminatórios e por não comunicar formalmente à Justiça Desportiva o nome da envolvida.

A Procuradoria solicita a perda de três pontos no campeonato e uma multa de R$ 100 mil. Antes mesmo do julgamento, o clube já havia sido punido com a perda de três mandos de campo.

O caso marca a primeira vez que árbitros são formalmente denunciados por omissão diante do Protocolo Antirracista, reforçando a importância do combate ao racismo no futebol brasileiro.