Sport de olho em Beto Lago
Sport de olho em Beto Lago

Beto Lago fala sobre Rodrigo Atencio: “Negociação é de altíssimo risco para a vida financeira do Sport”

O GE Pernambuco expôs com clareza uma negociação de altíssimo risco para o Sport: por meio de investidor (Elenko Sports) fez um aporte de aproximadamente R$ 7 milhões para trazer o jogador argentino Atencio, tido como “joia”.

Até aí, investimento ousado, compreensível numa aposta para médio-prazo. O problema é que os números revelam uma armadilha financeira. O clube vem pagando mensalmente R$ 210 mil à agência, e, se o vínculo do atleta se estender até seu término (previsto para fim de 2029), o Sport terá desembolsado cerca de R$ 12,6 milhões.

Rodrigo Atencio, Sport - Foto: Paulo Paiva/SCR
Rodrigo Atencio – Foto: Paulo Paiva/SCR

Ou seja, praticamente o dobro do aporte inicial, dos quais cerca de R$ 7 milhões vão para os investidores. Só de juros já foram pagos cerca de R$ 2,6 milhões. Mesmo com os direitos econômicos estando formalmente com o Sport, esse modelo de negócio não pode ser aceito sem questionamento.

Há ainda a cláusula que obriga o Sport a adquirir os outros 30 % dos direitos junto ao clube argentino (Independiente) e, sendo negociado, o Leão teria que quitar a dívida primeiro com à agência Elenco Sports.

Trata-se de uma estrutura de contrato que transfere risco excessivo ao clube, em especial num momento em que resultados esportivos e financeiros não acompanham. Apesar do clube afirmar que “foi uma oportunidade de negócio, de um jogador que estava no radar do clube”, impressiona como todas essas revelações vêm pela imprensa.

A gestão do Sport adota uma postura reativa, evita comunicação clara e transparente com o torcedor. O clube parece ter consciência das fragilidades desse tipo de operação, mas não age para preveni-las, apenas para remediar depois.

Rodrigo Atencio, Sport - Foto: Paulo Paiva
Rodrigo Atencio – Foto: Paulo Paiva

Esse tipo de contratação, com risco financeiro elevado, falta de transparência, e mecanismos de dependência de terceiros (agências/investidores), pesa na parte financeira do clube. A torcida tem o direito de cobrar, sim, e de exigir clareza.

O que se vê é justamente o oposto: silêncio e que falha ao blindar o clube e a torcida contra armadilhas contratuais. Se o Sport quer reajustar seu rumo, é hora de revisitar suas políticas de contratações, repensar o uso de investidores externos, e sobretudo, passar a dar como prioridade a transparência: não apenas nas finanças, mas na comunicação. A omissão não protege o clube. Ela o condena.