A possibilidade de Severino Otávio, o Branquinho, assumir o comando do Sport após a saída de Yuri Romão desencadeou um turbilhão político que redesenhou alianças, ampliou tensões e expôs divergências profundas sobre o modelo de escolha do próximo mandatário.
O estopim da crise foi a discussão interna acerca da permanência de Yuri até 5 de janeiro, apesar de o próprio dirigente ter anunciado publicamente que deixaria o cargo no dia 31 de dezembro. A manobra, ainda em debate, é tratada por opositores como uma tentativa de impedir uma eleição direta e abrir caminho para uma escolha indireta via Conselho Deliberativo.
A repercussão foi imediata. Grupos internos passaram a cobrar respeito às normas estatutárias e exigiram que a renúncia de Yuri ocorra no prazo inicialmente informado. Em contato exclusivo com o NE45, o ex-presidente Luciano Bivar foi enfático:
“Precisa existir uma reunião extraordinária para oficializar a renúncia. Os processos têm de ser respeitados. Ele não pode ficar até janeiro. Branquinho é uma alternativa, mas é necessário que Yuri deixe o cargo imediatamente.”

Entre os que rejeitam qualquer articulação sem participação dos sócios, o grupo Leões pela Mudança adotou a postura mais dura. Para Matheus Souto Maior, não há espaço para arranjos internos que desconsiderem as alas oposicionistas.
“Somos contrários a decisões sem o aval dos sócios. Uma eleição indireta com um nome imposto não tem legitimidade. Yuri Romão deve renunciar agora. O planejamento de 2026 está sendo prejudicado por essa indefinição”, afirmou.
Paralelamente à pressão por eleições diretas, outro movimento ganhou força: o de líderes históricos que convergem pelo retorno de Branquinho. A articulação ficou evidente após uma reunião, na última sexta-feira (14), envolvendo Gustavo Dubeux, Eduardo Monteiro, Paulo Perez e o próprio Yuri Romão.
Mesmo ausente, João Humberto Martorelli sinalizou apoio ao ex-presidente. Segundo os entusiastas dessa solução, o cenário turbulento favoreceria o risco de “aventureiros” disputarem o comando do clube, o que tornaria necessária uma figura com experiência e trânsito político amplo.
Pedro Leonardo Lacerda, ex-presidente do Conselho Deliberativo, reforçou essa visão: “Branquinho consegue dialogar com todos. O Sport precisa de alguém com vivência. Já ficou provado que perfis sem experiência não conseguem conduzir o clube. Ele reúne condições de pacificar e formar novos dirigentes.”

Apesar do clima de desconfiança, ainda há a expectativa de que Yuri Romão cumpra o combinado na reunião da semana passada, deixando o cargo de forma organizada e permitindo que a auditoria interna, considerada fundamental pelos articuladores da nova gestão, seja implementada antes do início da temporada 2026.
Procurado pela reportagem do NE45, Yuri afirmou: “O momento exige união. Estou disposto a acatar o que for considerado o melhor para o Sport.” Nos bastidores, entretanto, a sensação é de que qualquer deslize pode desestabilizar novamente o processo, acirrando o racha político e travando definições estratégicas para o próximo ano.
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