Alecsandro continua na Ilha

Uma substituição aos 30 minutos do primeiro tempo, uma vaia em uníssono de mais de 15 mil rubro-negros, e o atacante do Sport, Alecsandro, viu o mundo cair nas suas costas, logo no dia em que acreditava ser o de sua redenção, no jogo contra o Joinville, vencido pelos rubro-negros, por 2×1. Para Danilo Santos, seu substituto, um abraço. Para o técnico Heriberto da Cunha, autor da mudança, sobraram gestos acintosos e reclamações, antes da entrada no vestiário. “Tenho vergonha na cara”, disse o atleta, logo após o treino, ontem. “Fiquei chateado com a situação. Mas aquilo é uma prova de que o grupo, assim como eu, quer ajudar o Sport de todas as maneiras”, completou, ontem à tarde, na Ilha do Retiro.

O jogador não deixou o clube, como muitos pensaram. O que disse à imprensa sobre o momento de destempero, quase 24 horas depois do jogo, não foi muito diferente do que expôs na conversa em particular com Heriberto. Pediu desculpa. Agora, tenta esfriar a cabeça para, quem sabe?, permanecer na equipe, domingo, contra o Santa Cruz, na Ilha – o que será difícil, já que Danilo Santos é o mais indicado para atuar.

A maior infelicidade, conta, é que sabia estar mal no jogo. Mas preferiu se expor, aparecer negativamente, a se esconder. “Sentia o Sport precisando vencer e me esforçava para tentar mudar a situação. Estava mal, o professor Heriberto foi inteligente, fez a modificação correta e vencemos”, diz.

Quanto às vaias, o atacante não tem um pingo de raiva ou ressentimento. Alecsandro crê que ainda sofre por causa de uma notícia veiculada na Bahia, quando estava para ser negociado com o Sport – ele foi um dos atletas que vieram como moeda de troca no repasse de 50% dos direitos federativos do meia Cléber ao Vitória. A informação dava conta de que ele não queria vir, nem por brincadeira, defender o Leão.

“Já disse mil vezes que isso não existiu. Estou no Sport porque gosto daqui. Rejeitei uma proposta do Coritiba, recentemente. Todo o mundo sabe. A imprensa quando quer fazer um ídolo, faz. Agora, quando quer acabar com uma imagem, também”, desabafou. “Mas eu sei como trazer a torcida de volta para o meu lado: fazendo os gols. Quando estava marcando, eles esqueceram isso”, afirmou.

A direção do Sport não tomou medida administrativa para punir o atleta. O próprio treinador não acha que seja o momento de enquadrar Alecsandro com castigos. Para Heriberto, é normal no jogador sair chateado quando ocorre de ser substituído ainda no primeiro tempo.

“Eu também não gosto de tirar um atleta dessa maneira. Mas existe uma hora que tenho de tomar uma decisão”, explica o técnico.