ESPECIAL – Memórias de um Louco II

De joelhos…

No final da década de 70, Moca ainda estava comemorando o título de Campeão Pernambucano conquistado pelo Sport em 1977. O louco quase foi expulso do colégio onde estudava, pois foi com a camisa e a faixa de campeão.

Chegou 1980. o Leão começou a mostrar as suas garras. País foi contratado e as defesas do grande goleiro logo empolgaram a torcida, que confiava plenamente no time da Ilha. "Roberto Coração de Leão era uma jovem promessa, o nosso centroavante era Jorge Campos e no meio, nós tínhamos Edson Ratinho", fala Moca.

A final do pernambucano foi disputada no Arruda. E claro que Moca e seus amigos não faltaram! . "O jogo na primeira etapa estava nervoso era lá e cá o tempo todo, quando de repente pênalti a nosso favor e gol de Edson, Sport 1 X 0. Começa o segundo tempo e o jogo corria morno, quando o nosso treinador resolve mudar o time e coloca Roberto Coração de Leão, e pasmem, que muitos dos presentes chiaram quando ele entrou", relembra. Mas qual não seria a surpresa dos que reclamaram quando Coração de Leão fez o segundo gol do Sport. Foi para calar a boca dos desconfiados. A partir daí foi só festa! O Clube da Ilha era consagrado Campeão Pernambucano de 1980.

O ano seguinte tinha tudo para ser novamente do Sport. Só que o Náutico conseguiu obter um resultado que fazia jogá-lo a final precisando apenas de um empate. Preocupado com a situação do Rubro-negro e incomodado com as provocações dos alvirrubros, Moca fez duas promessas: iria pular o alambrado da ilha e atravessar o campo de joelhos com a bandeira do glorioso aberta nas costas. Os anjos disseram "amém" e o Leão ganhou o Pernambucano por 2 a 0. "Essa promessa foi a coisa mais maravilhosa de pagar na minha vida, eu chorava mais que bezerro desmamado e do meu lado fazendo a mesma coisa estava nada mais nada menos que o meu ídolo e de toda a nossa torcida: País, que havia feito a mesma promessa. Ele pegou em um lado da bandeira e eu no outro, cheguei em casa quase com os joelhos em carne viva e sequer tinha dado conta do machucado."

Moca estava com uma sede de vingança incontrolável. E foi com esse espírito vingativo (e bem humorado) que ele resolveu aprontar uma com um certo amigo alvirrubro que não o deixava em paz, antes da final. Sabe o que ele fez? Pintou o muro da casa do amigo com os seguintes dizeres: Sport Campeão Pernambucano de 1981. Tudo escrito em vermelho e preto (claro!). Mas, como nem todo crime é perfeito. Depois de 14 anos, ele o confessa abertamente na rede mundial de computadores, o que faz com que ele tenha milhares de testemunhas dessa confissão "tardia". ("Alô Dr. Paulo agora já tem certeza finalmente de quem pintou o seu muro."). Pois é! Na época o dr. Paulo realmente não tinha certeza alguma e, mesmo desconfiando de Moca, nada pode fazer para culpá-lo.

Em 1982, "foi tão fácil, que o Sport se deu ao luxo de escolher com quem iria jogar a final".  O Leão eliminou o Nautico e iria jogar contra o Central no Arruda, já que a Ilha estava em reforma. Uma vitória do Central significaria a desclassificação do Náutico e do Santa Cruz no Campeonato Brasileiro. Na época, só o campeão e o vice do estado participavam do Brasileirão. Os rubro-negros esperavam que o Sport abrisse o jogo. Moca e os amigos juntaram uma quantidade enorme de papéis picados, dessa vez com o intuito de "atrapalhar" o time do coração. Para se ter uma idéia, eles usaram mais de 60 sacos de farinha de trigo cheios até a boca de papel picado. Devido a isso, "a bola tinha dificuldade de rolar e as linhas laterais sumiram".  Mas o Sport venceu o Central por 1 a 0 para a tristeza de Moca & cia.

O Sport era tricampeão pernambucano, mas o pior estava por aparecer… Uma situação semelhante a do Náutico e Santa aconteceu no ano que viria, só que dessa vez o Leão seria o prejudicado. "Aconteceu exatamente conosco, depois de uma armação da FPF para tirar o Sport do páreo elas arrumaram um empate vergonhoso, e desta forma, tiraram o glorioso do campeonato brasileiro."

Nota de agradecimento do nosso louco:

Gostaria de citar alguns dos fundadores e membros da Sportmania em seu início, que junto a mim, fizeram surgir e crescer a 1ª torcida jovem do Sport:

Rogério Guimarães
Alexandre Ramos
Evaristo Lindoso
José Edson
Josias "Fofão"
André "Vermelho"
Eduardo Lins "Lôlo"
Ariane Loureiro
Flávio "Negão"
Adriano "Cambão"

O próximo encontro já está marcado, será no 18 de março. Até lá, com mais "memórias de um louco".