Comoçao no futebol pela morte del “Morro” García

No sábado 6 de fevereiro se conheceu a notícia da morte desencadeada por suicídio do jogador uruguaio Santiago ‘Morro’ García, que jogou até a última temporada no Godoy Cruz da Argentina, clube do qual foi artilheiro. A morte do “Morro” -apelido que ele ganhou quando menino por uma tartaruga chamada “Morrocoyo”-  abalou o mundo do esporte, não só porque para muitos significou uma derrota dolorosa, mas também porque sua saída gerou um debate sobre a pressão e o estresse que os atletas enfrentam muitas vezes sem apoio psicológico e sem consciência do meio onde trabalham.

A imágem “Idealizada” dos jogadores

Uma das definições mais fortes e reveladoras sobre o assunto veio do ex-atacante César Carignano, que jogou em clubes como Atlético de Rafaela, Universidad Católica do Chile e Patronato. Ele dedicou nas redes sociais uma despedida sincera a García, que acompanhou com uma profunda reflexão sobre a “imagem idealizada do jogador de futebol”. A postagem foi compartilhada por mais de um torcedor de futebol. Sua mensagem começava dizendo que “Jogos prematuros sempre machucam. Mas muitas vezes o prematuro, o surpreendente, é para os distantes, os forasteiros. De perto, as vidas parecem diferentes, complexas, irregulares.” Ele falou também, com palavras contundentes, sobre um dos temas mais tabus do mundo do futebol. “A imagem idealizada do jogador de futebol como um ser de outra dimensão coloca a maioria do lado da surpresa com esses episódios porque sob a égide da fama e da boa vida econômica parece que nada afeta. Mas ninguém é invulnerável, imperturbável”, continuou.  Em sua visão, para quem está próximo dos jogadores, é óbvio que suas vidas não são perfeitas ou brilhantes. Esse brilho que se vê de fora, afirma, muitas vezes não nos permite ver como realmente é a pessoa por trás do jogador. “O triste é que situações como essa devam ocorrer para que muitos entendam o jogador de futebol como um ser humano que joga futebol. Um ser social atormentado por medos e defeitos além do brilho de sua profissão. Nem mais nem menos que isso.” E concluiu dizendo que “Às vezes o fardo parece tão pesado que não há opções à vista para aliviá-lo ou revertê-lo. Embora de fora, como sempre, pareça fácil. Espero que encontre a paz, Morro.”

Tristes e carinhosas palavras na despedida

A Conmebol, a AFA e vários clubes de futebol argentinos, uruguaios e brasileiros lamentaram a morte do atacante. “A CONMEBOL expressa suas mais profundas condolências pela morte do jogador uruguaio Santiago García”, tuitou a entidade continental. A mensagem mais sincera nas redes veio do clube de Mendoza, no qual García foi rebaixado do time titular por uma luta com o presidente José Mansur. “Você foi um herói, você foi um artilheiro, você foi um amigo e família, você foi tudo que uma pessoa quer ser quando pega uma bola, hoje você tem que ser eterno e infinito para todos nós … Muito obrigada por tanto Morro, obrigada por tantas alegrias ao povo Tombino. Que descanse em paz”, escreveu no Twitter à maneira de esperanças e apostas para ele encontrar finalmente a paz. Em sua extensa carreira no futebol, García passou pelo Nacional, de seu país; Atlético Paranaense, do Brasil; Kasimpasa, da Turquia; River, do Uruguai; e Godoy Cruz, onde estava desde 2016.