Muita polêmica dentro e fora do campo

Num ano em que não faltou confusão e muita polêmica extra-campo, os rubro-negros precisaram brigar bastante para ter a tão sonhada taça na Ilha do Retiro. As discussões começaram com a formulação do campeonato, conveniente ao recém criado Clube dos 13, e se estenderam durante a competição com partidas tumultuadas e título definido também no tapetão.


“O clima daquele campeonato foi extremamente quente em virtude do que o Clube dos 13 fez. Eles venderam o Brasileiro porque queriam ficar unicamente com o bolo do dinheiro. Por trás de tudo isso, ainda tinha um evidente desrespeito contra o Nordeste. O título do Sport preencheu uma necessidade de afirmação nossa para acabar com aquele cartel”, conta Homero Lacerda.


Depois de imposto, o Brasileiro, denominado de Copa União e dividido em módulos verde (Clube dos 13) e amarelo (Sport), ainda teve muita história para contar. Nas semifinais contra o Bangu, no Rio, o Sport viveu um verdadeiro clima de guerra (perdeu por 3×2). “Jogaram pó de mico no vestiário. Flávio, Dinho e Neco saíram se coçando. Ainda passamos por um corredor polonês com os seguranças de Castor de Andrade (ex-bicheiro e presidente do Bangu) todos com armas na mão”, lembra o ex-atacante Robertinho. “Castor comprava todo mundo. Pela primeira vez, vi um bandeirinha ser aplaudido pela torcida após o gol do Bangu”, completa Homero.


Na partida de volta, na Ilha (Sport:3×1), mais confusão nos bastidores. “Hoje posso contar o que aconteceu antes daquele jogo. Eram 2h quando um árbitro cearense me ligou contando que José Assis Aragão seria o juiz do jogo. A comissão de arbitragem tinha imposto o nome dele. A esposa de Assis tinha sido operada nos EUA custeada por Castor. No carnaval, ele também sempre ia para os camarotes de Castor. Na hora pensei: o Sport perdeu o jogo”, recorda Homero, revelando, pela primeira vez, o que fez para reverter a situação.


“Tivemos que nos virar depois disso. Quando Assis chegou ao Recife, nós (Homero e Fred Oliveira) o convidamos para um almoço numa casa afastada no Janga. Tranquei ele numa sala lá e falei: você não vai desmoralizar agente aqui não. Ele respondeu que não queria mais apitar o jogo. Essa conversa durou 2h de porta trancada. Deixei claro que não teria alternativa e que ele seria acompanhado a cada minuto. Assis apitou a melhor partida da vida dele”, relata.


As confusões prosseguiram com Castor levando uma pedrada na cabeça, Homero discutindo com o técnico do Bangu, briga entre jogadores e tumulto nos vestiários. “Eu e Arthuzinho (Bangu) estávamos na sala do antidoping para fazer o xixi quando jogaram uma bomba. Os seguranças de Castor tentaram invadir a sala para quebrar os frascos para anular o jogo”, conta Robertinho.


Após os jogos tumultuados contra o Bangu ainda aconteceu uma final inusitada contra o Guarani. “Até nos pênaltis ficamos empatados em 11×11. Quando já ia começar a repetição, chamei Beto Zini (presidente do Guarani) e falei que tudo aquilo era por causa do erro do regulamento. O juiz aceitou nosso pedido para encerrar. Depois Beto mandou a advogada reconhecer a perda da partida. Pela primeira vez vi uma pessoa reconhecer a derrota”, brinca.


Campeão do módulo amarelo, o Sport, pelo regulamento, enfrentaria num cruzamento o Flamengo pelo título nacional. No entanto, o clube carioca se negou a disputar a partida e os leoninos venceram por WxO. “Juridicamente a CBF foi perfeita. Flamengo e Internacional temiam enfrentar o Sport na Ilha. Não adianta o Flamengo falar porque ganhamos no campo e no tapetão”, diz Robertinho.


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