Por Adelmar Bittencourt
Obviamente o Sport não vai cair para a Terceirona, como apregoam por aí. Há pelo menos seis times BEM PIORES que o nosso, e ainda faltam muitos jogos para o final da primeira fase do campeonato.
Mas, falando de forma realista e pelo andar da carruagem, para chegarmos entre os oito vai ser preciso “algo mais”. Algo que Luiz Carlos “Doideira” não vai poder contratar na Série A-3 de São Paulo e colocar para jogar assim que chegar do aeroporto.
E isso se chama RAÇA. R-A-Ç-A, para ficar bem claro. Essa palavrinha que, tecnicamente, serve para definir a etnia de um povo, mas que no futebol tem um significado ainda mais contundente: a gana incontrolável de vencer, nem que pra isso seja necessário você dividir uma bola com Júnior Baiano – ele com os pés e você com a cabeça, de peixinho.
É muito simples. Técnica, entrosamento, jogadores de alto nível, isso tudo sabemos que o Sport não tem, e não vai ter até o final do campeonato. Então é partir para o coração, para a vontade de superar obstáculos que, nos ensina o futebol, é a chave para muitas conquistas.
E daí se a oitava vaga for o nosso objetivo? É preciso humildade para reconhecer limitações. Vamos pela oitava vaga, então! Se isso acontecer, acredito eu, vai ser DAQUELE jeito: vamos nos classificar na última rodada, após uma tresloucada combinação de resultados e com Maizena fazendo um gol de cabeça aos 48 do segundo tempo do último jogo, aproveitando um escanteio bem batido por Nildo, numa prova de que milagres acontecem. Ah, e quando digo “milagre” me refiro ao escanteio bem cobrado por Nildo, e não ao gol de Maizena.
De posse da oitava vaga, vamos pra cima dos primeiros colocados, que “jogaram o fino” durante a primeira fase e têm como certo o tão sonhado passaporte para a Série A. Brasiliense? 3° Time de Pernambuco? Bahia? 2° Time de Pernambuco? Ceará? Paulista? Que venham todos de uma vez só, basta estarmos naquele espírito de mostrar os dentes e de dividir cada bola como se o adversário estivesse em cima da linha do nosso gol, pronto para empurra-la para dentro. Se a verdadeira raça rubro-negra aparecer, não vai ter time nenhum que nos segure nessa primeira etapa das finais.
Aí, caros amigos, viria o quadrangular final. Escaldados pelos erros dos dois anos anteriores (a “Jundiação” de 2002 e a amarelada de 2003), faríamos da Ilha do Retiro o caldeirão que sempre amedrontou adversários Brasil afora. O que o ex-técnico Gil, do Botafogo definiu sabiamente como a “La Bombonera do Nordeste”.
Seriam jogos memoráveis, onde Marquinhos Bolacha não faria questão de chutar a bola ou a cabeça do adversário. Onde Robgol marcaria de canela, e depois de derrubar três zagueiros na trombada. Partidas onde até mesmo o franzino Leozinho seria expulso por jogo violento e onde a torcida, finalmente, faria fila para beijar os pés de Nildo, estendendo-lhe um tapete vermelho do meio-de-campo até o vestiário.
Seria desse jeito mesmo: sem técnica, sem conjunto e sem jogadores “fantásticos”. Seria a vida dos rubro-negros, a mística da camisa vermelha e preta contra tudo e todos. Agora basta quereremos: dos jogadores à diretoria, passando até por nós, torcedores, que sempre tivemos um papel tão decisivo na vida do nosso querido clube.
Já que é improvável que ganhemos na bola (não temos time pra isso, é a dura realidade), que seja no pau, na raça. Que os “espíritos” de Merica, Marião, Macaé, Rogério, Aílton, Hélio, Agnaldo Bambam, Biro-Biro, Rodrigo Gral e tantos outros pairem sobre a Ilha, injetando sangue fervilhante em nossos atletas. E que eles, na árdua jornada rumo à Série A, deixem pelo caminho um rastro de pernas quebradas, luxações e pontos (os cirúrgicos)…em si e nos adversários.
Isso é o verdadeiro Sport. E ainda dá tempo de ele aparecer.
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