O que falta para o Sport voltar a ter o status de 2008?

Já se passaram 13 anos daquela conquista histórica e emocionante da Copa do Brasil. A virada contra o Corinthians na Ilha do Retiro, com show de Carlinhos Bala foi o êxtase depois de eliminar Internacional e Vasco da Gama em uma campanha irretocável. De lá para cá nunca mais conseguimos alcançar aquele nível, inclusive passando por momentos muito ruins e vários rebaixamentos.

O time conseguiu voltar para a Série A mesmo com problemas em suas contas. A manutenção na elite foi conquistada a duras penas e agora, em 2021, o time ficou sem presidente, com as renúncias de Milton Bivar e Carlos Frederico. Leonardo Lopes foi eleito e logo conseguiu fechar com Hernanes e acertar com Everton Felipe para o próximo ano. Mesmo assim ainda há muito trabalho para resgatar o status de respeito que o time teve em 2008 e começo de 2009, quando disputou a Libertadores e só foi eliminado nos pênaltis para o Palmeiras.

Na análise estatística feita por casas de apostas como a 1xBet para determinar favoritos e azarões em cada jogo, o Sport só emerge como favorito em alguns jogos em casa. Na opinião de comentaristas a equipe também é uma das que luta contra o rebaixamento, com qualquer conquista acima sendo um ponto muito positivo.

Eles estão corretos? Até pode ser, mas há espaço para crescimento, especialmente por causa da torcida.

Gestão importa

Se o Brasil há poucos anos era terra de dirigentes amadores e completa falta de profissionalismo, isso aos poucos mudou. Planejamento, análise técnica e fundamentada, gestão de finanças, tudo isso se traduz em títulos, favoritismo e contratações de qualidade.

Os clubes no Brasil batalham com dívidas gigantescas e o crescimento de clubes com pouca ou nenhuma tradição, mas que investem de forma inteligente. O Red Bull Bragantino chegou para se firmar na elite do Brasileirão. O Cuiabá ocupa um lugar hoje que Vasco, Cruzeiro e Botafogo não ocupa.

O Sport tem um ativo espetacular que esses clubes novos não têm: torcida. E isso representa não só apoio em campo, mas também receitas como bilheteria e venda de produtos. Esse diferencial precisa ser explorado, porque as cotas de televisão, uma grande parte da renda de clubes, independe do número de torcedores ou conquistas do passado.

Como apenas 20 vagas na elite do futebol brasileiro, a camisa apenas não vai garantir mais um espaço na Série A e um rebaixamento é catastrófico para um clube que precisa se reconstruir financeiramente, já que a queda de receitas é enorme.

Contratações acertadas

Um dos grandes erros de gestões passadas foi a contratação de jogadores caros e contratos longos. O atacante André, que até está de volta ao clube agora, custou um milhão de euros e o não pagamento ao Sporting de Portugal rendeu uma punição ao clube.

Em crise financeira, uma contratação mais importante não pode falhar. Mesmo que Hernanes pareça ser um luxo para o momento do clube, ele chega de graça e com fome de bola. Se o futebol não é o mesmo de outros tempos – inclusive sua melhor temporada no Brasil foi justamente em 2008 – ele é uma figura importante no vestiário.

Ser um time ioiô – já são cinco rebaixamentos – causa um verdadeiro buraco nas finanças e uma série de problemas especialmente se o elenco está inchado com contratos longos e caros. Essa é a receita para atrasos de salários e processos na justiça.

Por mais que o desejo do torcedor do Sport é por um novo status no futebol nacional e que a Ilha do Retiro volte a ser uma data indesejável para qualquer time rival, é preciso ter cautela; acertar a casinha para acertar as finanças e se manter na Série A para continuar tendo uma boa receita com direitos televisivos, visibilidade e o estabelecimento de uma relação forte com seu torcedor com muita transparência e decisões em conjunto. Com o rebalanceamento das forças no futebol brasileiro, o Sport pode ter seu espaço como gigante que é.