Sem saber qual será seu futuro na Ilha do Retiro, o técnico Heriberto da Cunha apenas espera a eleição rubro-negra se realizar para definir a situação. Quinta-feira, ele entrou de férias, viajando sábado a Minas Gerais. Antes, porém, concedeu esta entrevista ao repórter Marcelo Henrique Sá Barreto.
JORNAL DO COMMERCIO – Foi difícil decidir assumir o comando técnico do Sport na fase em que o time se encontrava, nas primeiras rodadas da Série B?
HERIBERTO DA CUNHA – Quando cheguei, a maior dificuldade era tirar o clube da zona de rebaixamento (o Leão estava na antepenúltima posição, na frente apenas de Joinville e Santo André). Mas achava que podíamos sair da zona de perigo, o que aconteceu. O Sport chegou entre os oito melhores, mas não teve forças para se manter. Isso por falta de planejamento.
JC – Há a perspectiva de uma eleição com batimento de chapa. Como está sua situação?
HC – Indefinida. Infelizmente tenho de aguardar o desfecho e a decisão sobre quem o presidente (Severino Otávio, Branquinho) vai apoiar. Gostaria muito de ficar e formar uma equipe competitiva, assim como fiz em 2002 (o Sport foi eliminado nas quartas-de-final, pelo Paulista, na Ilha). Uma promessa que eu faço é que vou trazer jogadores comprometidos com o clube, que honrem a camisa do Sport.
JC – Haverá muitas dispensas? O que você colocou no relatório sobre os três meses em que esteve no cargo?
HC – Primeiro não houve nenhum tipo de relatório. Eu apenas conversei com os diretores. Sobre a dispensa de atletas não é novidade para ninguém. Os que não tiverem vínculo com o clube podem ser liberados. Vai depender da diretoria, que deve ver os que farão parte dos novos rumos e novos planejamentos. Os próprios jogadores sabem o que fizeram no clube. O que penso do grupo, todo o mundo já sabe o que é.
JC – O que se pode tirar como lição dessa sua passagem pelo Sport, este ano?
HC – Eu já sabia das dificuldades quando resolvi aceitar o desafio de tirar o Sport do rebaixamento. O que me deixa chateado é que você vem fazer um trabalho que todos pediam, tínhamos condições de nos classificar e não aconteceu. A cada dia, vejo que não se vai a lugar nenhum no futebol sem planejamento. Uma equipe não consegue se segurar numa competição sem um cronograma de treinos físicos e táticos. Aqui, alguns jogadores chegaram num dia e atuaram no outro.
JC – Você acha que o grupo teve comprometimento com o clube?
HC – A vontade é importante para um time vencedor. Mas será que eles tiveram força? Ademar, por exemplo, teve muita vontade no jogo contra o Paulista (partida de despedida da Série B, em São Paulo), mas não teve força. Aqui a gente não tem o mapa de cada um do grupo, porque o trabalho não foi realizado no início da temporada. O que começa mal termina mal.
JC – Existia a possibilidade de um fim melhor para esse time?
HC – Se pegasse o time desde o começo do ano, seria mais fácil. É a história do planejamento. Tem que existir preparação em todos os sentidos – fisiológico, nutricional e físico.
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