Sport de olho em Beto Lago
Sport de olho em Beto Lago

Beto Lago analisa cenário político do Sport: “Oposição não existe para torcer contra, mas para vigiar”

No futebol brasileiro, especialmente quando o clube perde uma eleição, a democracia costuma durar pouco. Basta a ata ser assinada para que qualquer voz divergente passe a ser tratada como inimiga. No Sport, não foi diferente.

A simples decisão de grupos derrotados permanecerem atuantes como oposição gerou mais irritação do que reflexão. E isso diz muito mais sobre a cultura política do clube do que sobre quem decidiu fiscalizar.

Branquinho, José Roberto Moura, Sport
Branquinho, José Roberto Moura, Sport

O discurso de que “oposição atrapalha” é confortável para quem governa sem ser questionado e perigoso para um clube que acaba de sair de uma das piores crises de sua história. Unanimidade não é estabilidade. É cegueira coletiva.

Os grupos Sport Unido e Sport Eterno anunciaram que seguirão como oposição, e parte da torcida reagiu como se o clube estivesse sob ataque. É um erro primário. Oposição não existe para torcer contra, mas para vigiar, tensionar e impedir que erros se repitam.

Sem contraditório, gestão vira feudo. Há, sim, um limite claro: oposição não pode virar palanque permanente, nem se alimentar do fracasso esportivo. O populismo do “quanto pior, melhor” já fez estragos demais no futebol brasileiro e também por aqui.

Martorelli e Dubeux, Sport - (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Martorelli e Dubeux – (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Aqui mora a linha tênue: fiscalizar sem sabotar; criticar sem incendiar; discordar sem desestabilizar o ambiente esportivo. Quem usa derrota em campo para incendiar arquibancada não derruba diretoria: derruba o clube.

Uma oposição madura deve apoiar projetos positivos da gestão atual, apresentar críticas acompanhadas de soluções e, sobretudo, evitar a chamada “crise de arquibancada”, que não derruba diretoria, mas derruba treinador e atleta.

Usar derrotas para promover instabilidade deliberada é agir contra o clube. No fim, o ponto central precisa ser lembrado todos os dias: o objetivo da oposição não é conquistar o poder, mas fortalecer o Sport. O resto é vaidade.

Texto publicado no DP