Sport de olho! Quase metade dos jogadores negros que atuam nos principais campeonatos brasileiros afirmam ter sofrido racismo

Sport - elenco - Love, Fabinho - Labandeira
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Sport de olho! Uma iniciativa inédita sobre diversidade, idealizada pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com a CBF e a Nike, traz à tona os resultados de um levantamento que contou com a participação de 508 profissionais do futebol brasileiro e abordou questões relacionadas a raça, religião, orientação sexual e origem.

O documento, pioneiro em seu escopo, apresenta reflexões em torno de dados coletados entre julho e agosto, com atletas, comissão técnica, staff dos clubes e arbitragem – atuantes nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro masculino, além das Séries A1 e A2 do feminino na temporada 2023.

“O levantamento em parceria com o Observatório da Discriminação Racial e a Nike é um retrato, um recorte importante sobre os efeitos nocivos do racismo. O combate diário e incansável a esse crime é uma das principais bandeiras da minha gestão. E com esse diagnóstico vamos trabalhar ainda mais para banir estas e outras práticas discriminatórias do futebol, seja dentro ou fora dos campos. Não podemos tolerar o racismo, o medo e a discriminação. Que cada vitória no combate a esse, que é um mal global, possa reverberar não só na cadeia do futebol brasileiro, mas em toda a sociedade”, iniciou.

“A CBF já adotou práticas que respeitam a igualdade, inclusão e transparência em todas ações internas e externas da entidade.  Fizemos o  I Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, em setembro do ano passado, e, em breve , teremos a segunda edição. Também fomos pioneiros na inclusão de penas desportivas, que vão de perda de mando de campo, portões fechados até perda de pontos para o clube, para os casos de racismo. Hoje, somos referência mundial nesse tema. Cada passo deve ser  trilhado rumo a novas conquistas para o fim do racismo”, finalizou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Em um país onde 56% da população é negra, chama a atenção que 41% dos profissionais do futebol pertencentes a essa raça tenham sofrido racismo ao exercerem suas atividades. Os números de ataques oriundos de torcidas em estádios (53,9%) e redes sociais (31%) mostram que é urgente campanhas educativas e mais rigor nas punições.

Ao mesmo tempo, 11,4% dos participantes afirmaram ter sofrido casos dentro de centros de treinamentos e concentrações, o que evidencia que o problema está longe de se restringir às ocasiões mostradas pelas telas que cobrem os jogos de futebol. Aproximadamente 4,23% dos entrevistados declararam não ter religião específica, enquanto 5,08% se identificaram com candomblé e umbanda.

O levantamento então destacou uma estatística preocupante: apenas 2,75% dos praticantes dessas religiões de origem de matriz africana sentem que suas crenças são respeitadas no contexto do futebol.

“A fotografia dos times de futebol no Brasil nos apontava para um espaço democrático e com a grande presença de atletas negros. No entanto, o percentual de atletas era uma questão que o Observatório sempre quis saber, e esse levantamento foi a oportunidade para conhecermos esses dados. Além disso, o atual estágio da luta contra a discriminação racial nos indica que precisamos saber onde estão os negros e que cargos ocupam para além das quatro linhas, afinal na luta contra o racismo precisamos promover a diversidade e a inclusão”, destacou.

“Além disso, nós precisamos expandir nosso olhar para todos os atos discriminatórios e foi justamente isso que buscamos com esse primeiro passo. Os dados desse levantamento certificam nossa desconfiança de que o futebol brasileiro está longe de ser um local democrático e com respeito às diferenças”, comentou Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

COLETIVA DE ENDERSON MOREIRA (SPORT x ITUANO)

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